PRESSUPOSTOS SOBRE O SIGNIFICADO
(A Palavra)
A
filosofia da linguagem não se ocupa especificamente do que significam palavras,
enunciados ou frase individuais, qualquer dicionário, enciclopédia ou busca no
site do Google podem resolver o problema do significado das palavras. O que
parece que os filósofos da linguagem buscam é “O que significa para uma frase
ou frase significa alguma coisa?”; “Por que as expressões têm os significados
que têm?”; “Como uma expressão pode ter o mesmo significado de outra?”. E,
principalmente: “Qual o significado de “significado”?
A
filosofia como paixão pelo saber, mais do que uma disciplina, torna-se um
eterno questionar do homem sobre si mesmo. Nesse aspecto, não são de
surpreender reflexões que versem, principalmente, sobre a linguagem; como as
linguagens se relacionam com a realidade, a natureza do significado, como a
comunicação é possível, o que é a verdade, o que é a necessidade lógica e como
a linguagem se relaciona com a mente.
Será
trabalhado neste ensaio este problema central da filosofia da linguagem, uma
tentativa de compreender o que é para palavras e expressões tornarem-se
portadores de “Significados”, ou seja, discussão
sobre
as possibilidades da linguagem em dizer ou não algo do mundo.
O
humano para lidar com o mundo físico, que lhe é inacessível em muitos aspectos,
criou dois tipos de mediadores: os instrumentos, que potencializam a ação
humana diante do meio em que vive, e os símbolos, que são também instrumentos
para o humano, pois potencializam a função mental. Dessa maneira, através de
símbolos ou signos, o humano consegue colocar um estádio de futebol na cabeça.
Os símbolos agem por representação, ou seja, trocam uma coisa por outra; trocam
um objeto físico por um objeto mental. Para se referir ao estádio de futebol,
usamos o símbolo correspondente que pode tanto ser uma palavra, um texto ou uma
figura. Para cada situação diferente no mundo, usamos uma simbologia diferente.
Uma cruz simboliza religião, uma suástica simboliza o nazismo, quatro círculos
supostos simbolizam o Audi, etc.
Há grandes vantagens nessa abordagem com o mundo
físico. Potencializamos, por exemplo, a memória, não é preciso lembrar-se de
tudo, podendo anotar tarefas numa agenda ou deixar nossos pensamentos guardados num livro.
Também podemos lidar com coisas
que não existem imediatamente na nossa frente como se lidássemos com o
inexistente. Sem as palavras só conseguiríamos nos comunicar apontando o dedo
para as coisas que estão em nossa frente. Como poderíamos nos comunicar se
tivéssemos que apontar com o dedo para o que queremos falar? “A frase: Vou para
a biblioteca da UFPB” seria uma tarefa impossível. Seria necessário apontar o
dedo para o prédio da Biblioteca que deveria estar necessariamente presente em
nossa frente. Daí as vantagens de usarmos símbolos no lugar de coisas grandes e
pesadas do mundo físico ou diálogos com ensinamentos filosóficos, a exemplo da
história grega em que apesar de
Sócrates nunca tivesse escrito nada
–Platão que escreveu, elogiou Sócrates por isso. A conversa e a linguagem falada seriam,
depois, eternizadas nos Diálogos Platônicos, e prova que estas seriam ótimos modos de nos comportamos no exercício intelectual. Os
filósofos, especialmente os especialistas na Filosofia da Linguagem, se perguntam
qual a capacidade de dizer o que é dito;
“o problema do significado” da filosofia da linguagem, nomeadamente compreender
o que é para palavras e expressões,
tornarem-se portadores de “significados” – ou seja, discussão sobre as
possibilidades da linguagem em dizer ou não algo do mundo.
Gottlob
Frege (1848-1925) desenvolveu questões que envolviam matemática e aritmética
ou, talvez, filosofia da matemática. Todavia, suas investigações adentraram
para o campo semântico de uma maneira abrangente e, ao serem criticadas por
Bertrand Russell (1872-1970) e, depois, aproveitadas e criticadas novamente por
Wittgenstein, preencheram os capítulos básicos da filosofia analítica. O
caminho destas investigações, fez com que a lógica de Frege, parecesse que se
desenvolvia sem que ele tivesse uma intencional preocupação –ao menos
inicialmente – com problemas filosóficos em um sentido amplo. A maneira de
retomar a tradicional discussão metafísica a respeito do que é – iniciou filosoficamente os estudos semânticos; para muitos,
Frege foi para a Filosofia analítica, o fundador dessa corrente.
As questões sobre “o
significado”, diziam os estudos de Frege, são questões sobre a lógica ou que
podem ser solucionadas a partir da lógica. Os argumentos filosóficos sobre
qualquer assunto (da teoria do conhecimento à metafísica, passeando pela ética,
educação, política e estética) seriam satisfatórios na exata medida da
qualidade de suas estruturas lógicas. De
uma maneira que ampliando os princípios básicos da lógica seria possível obter
noções fundamentais da aritmética- ou seja, a solidez da aritmética seria testada
e aprovada a partir de considerações puramente lógica. Assim, por exemplo, a
definição de número nada mais seria que uma derivação do princípio de
identidade da lógica; isto é, a=a. Toda a
aritmética
poderia ser ‘reduzida’ à lógica. A Teoria do Significado baseado na referência
ou a teoria referencial do Significado tem problemas. O que Frege identifica
diz respeito ao valor cognitivo dos enunciados, ou das expressões, essa questão
do valor cognitivo das expressões pode se resumir nos exemplos que Frege citou
e que a teoria referencial do significado não dá conta.
Se
tivermos a expressão “o pico do Jabre é o
pico do Jabre” temos uma tautologia, ou uma identidade, o valor cognitivo
dessa expressão é zero, ela não informa nada, ela não propicia nenhuma
cognição, mas a expressão “o pico do Jabre é o lugar mais alto da Paraíba”,
resulta em um valor cognitivo, bem delineado, determinado, nesta expressão há a
informação geográfica, há um valor cognitivo, fica-se informado de alguma
coisa. Mesmo que no primeiro enunciado tenhamos o mesmo significado do
primeiro, pela Teoria Referencial- a referência continua sendo o pico do Jabre,
ou seja, a referência ao falarmos do pico do Jabre remete ao ponto mais alto da
Paraíba, mas o ponto mais alto da Paraíba é o pico do Jabre. Então, em termos de
referência, em termos de significação, não saímos do mesmo campo. O que ocorre
é que temos frases com valores cognitivos completamente diferentes e a mesma
referência. Ora, como isso é possível? Como podemos dizer que é a mesma coisa?
A resposta é que a teoria referencial não descreve bem a atividade que
significa expressões, não descreve, eficazmente, a atividade para significar
expressões. Então qual seria a solução que Frege propõe? Ele propõe uma solução
que não é um conserto da teoria do significado, e sim, conduz a teoria do
significado para outro campo; ele “reinventa“ uma teoria do significado.
O
importante, é que, independentemente da validade de tais conclusões, o que
Frege forneceu para a filosofia, foi o impulso de se desvencilhar do que,
naquela época, diversos filósofos vinham chamando de psicologismo. Uma teoria do
significado livre de psicologismo deveria mostrar o entendimento do
significado de uma palavra sem lançar mão de eventos mentais que dela
resultassem. O que temos que observar é que enunciados,
expressões, frases, proposições não podem ser tratadas como palavras, nos
ensina Frege, em sua teoria, é como se estivesse dizendo: “vã até o sentido e
terás o modo da apresentação – e a partir deste sentido determinarás a
referência.” Então quando dissemos “O pico do Jabre é o ponto mais alto da
Paraíba (1100 metros acima do nível do mar), tem-se que atentar para este modo
de apresentação, o Pico do Jabre está sendo apresentado como o local geográfico
que é o mais alto do Estado da Paraíba e este enunciado oferece o campo
semântico, ou seja, o sentido que desvenda “aquilo” que ficamos sabendo o que é
o significado deste enunciado, então é que a partir dai pode-se determinar as
referências. Portanto, o Significado seria determinado pelo papel que a palavra
desempenha no estabelecimento das condições de verdade de sentenças em que aparece.
“Como exemplo, as “seguintes frases: “A Terra é quadrada”;” O Time da UFPB
jogou basquete com uma bola quadrada”; ora, percebam que Frege não estava
interessado nas imagens que tais enunciados poderiam evocar à mente de alguém.
E sim, interessado nas condições que teriam de existir para se estabelecer a
verdade ou a falsidade de tais sentenças.
A
“Virada Linguística” encaminha a filosofia para uma atenção com o
“Significado”; aprendemos que os positivistas lógicos dão a tarefa para a
filosofia, como a busca para o significado, enquanto a questão da “verdade”
eles deixam para a ciência. Este paradigma, ou esta ideia de que a filosofia é
uma atividade que tem a ver com a busca do significado e não com a verdade, não
é aleatória, se os positivistas lógicos assim agem e deixam a herança para todo
o século XX e agora para XXI, com esta “Virada Linguística” com a atenção para
o “Significado” é porque existe uma preocupação com algumas questões,
principalmente com aquelas dúvidas que surgem a respeito da linguagem e em
especial de “como é que a linguagem funciona?”.
A
busca do significado pelos positivistas lógicos vai desembocar na ideia que
para encontrarmos o significado temos que trabalhar com um elemento que é o
verificacionismo como uma base e justificação. Que o significado é encontrado a
partir da possibilidade que temos de descrevermos o método de verificação de um
enunciado. Ou seja, se conseguirmos fazer uma boa descrição do caminho para
dizer se o enunciado é verdadeiro ou falso – teremos a compreensão do
enunciado; por exemplo, “Este notebook, no qual estou digitando este ensaio,
está em cima da mesa”, neste enunciado, como
pode-se afirmar se é verdadeiro ou falso? O valor de verdade desta expressão
como descobrimos? Sabe-se que há um
método simples – quando chegar até a mesa e olhar e constatar se o notebook
está ou não. Se estiver, o enunciado é verdadeiro. Pelo contrário, se o
notebook não estiver em cima da mesa, o enunciado é falso. Portanto, caso esse
enunciado pode ser descrito ele tem significado, o essencial é saber descrever
esse enunciado para encontrar a verdade dele para se conhecer o significado.
Entretanto, o que os positivistas lógicos, afirmam como o filósofo Frege ou o
que os outros antes disseram, é que a Teoria Referencial do Significado, apesar
de popular, está no âmbito do senso comum, ela não descreve a maneira como de
fato podemos entender a busca do significado. A Teoria Referencial do
Significado é uma teoria que subsumi ou colocam em concordância, os enunciados,
as frases ou as expressões. Quando falamos em palavra a tendência nossa - do
nosso senso comum é buscar a referência da palavra para dizer que ela significa
aquela referência. Por exemplo, quando dizemos a palavra “Paraíba”, a
referência é “Paraíba” e imaginamos que o significado da Paraíba é a referência
“Paraíba”. Ao contrário, não podemos fazer isso com os enunciados.
Para
Ludwig Wittgenstein (1889-1951), “a questão o que é realmente uma palavra?” é
análoga a o que é uma figura de xadrez?”¹.
Isto porque a palavra é elemento dos jogos de linguagem. Estes jogos são objeto
de comparação, clareando as relações existentes entre palavra e significado.
Esses jogos de linguagem nos permitem uma articulação intermediária de
significados, pois não “temos uma visão panorâmica do uso de nossas palavras” 2, “nossa visão panorâmica é “nossa forma de
representação, o modo pelo qual vemos as coisas”3.
Usamos
as palavras como forma de representação, sendo que o mais importante na palavra
não é a própria palavra, mas a significação, que é social. A “palavra significa
a explicação que dermos à sua significação”4,
ou seja, é a explicação do uso que fazemos de tal palavra nesse jogo de
linguagem que realizamos no próprio convívio social.
Uma
mesma palavra pronunciada ou escrita pode ter vários significados, por exemplo:
manga. O que disse? Manga. Sem um contexto ou sem uma explicação do uso que
faço da palavra manga, meu interlocutor pode não compreender a que me refiro:
manga de camisa? Fruta? Esse uso da palavra manga deve ser explicitado no
contexto de seu uso ou na explicação de seu uso. Portanto, não é a palavra em
si mesma o que é mais importante, mas a significação social e explicada do uso
que dela fazemos.
Bertrand
Russell (1872- 1970), juntamente com Wittgenstein, foi responsável pelo retorno
do atomismo em sua versão puramente filosófica e lógica. Após vários séculos de
filosofia – depois da reviravolta da subjetividade implantada por Kant (de certa
forma já prenunciada pelos gregos), quando se mostra fundamental, antes de se
perguntar pelo mundo em si, perguntar pelas condições de possibilidade do homem
de conhecer o mundo e depois da reviravolta lógica iniciada por Frege – as
questões filosóficas deslocou seu centro de estudo da realidade para o estudo
das condições do homem de conhecer a qualidade terminando por chegar à
capacidade da linguagem de representar a realidade. Não se podia mais,
portanto, pretender falar diretamente sobre o mundo sem antes se perguntar pela
nossa capacidade de acessar o mundo, e sem se perguntar pela capacidade da
linguagem em falar sobre esse mundo. Os atomistas lógicos pretendiam falar
sobre o mundo, mas conscientes de que esse mundo era mediado linguisticamente. Eles
partiram então, do pressuposto que a linguagem era capaz de representar o
mundo, ou seja, que aquilo que dizemos corresponderia a algo que existiria na
realidade. Ou melhor, que aquilo que dizemos poderia corresponder a uma
realidade existente.
A
pergunta então seria: como a linguagem consegue representar o mundo? Como
aquilo que eu digo pode corresponder a um fato do mundo? Partindo, portanto, da
linguagem, eles se questionaram: não há dúvidas de que falamos sobre o mundo,
que quando eu digo algo como ‘minha cadeira é vermelha’, todo mundo que fala
português entende perfeitamente o que estou dizendo, e isso se refere a um fato
real, ou seja, minha cadeira realmente é vermelha.
Eles
observaram que uma proposição como esta não era algo logicamente simples.
Quando digo que ‘minha cadeira é vermelha’, digo também que ela tem uma cor,
que ela tem um dono, que ela é um objeto que tem assento, encosto, pernas, etc.
Todas estas são deduções lógicas, não é preciso ir até a cadeira para observá-la,
simplesmente se deduz. Dizer que ‘minha cadeira é vermelha’ é, pois, dizer tudo
isso ao mesmo tempo. Eles notaram que essa análise, essa decomposição que
podemos fazer com quaisquer proposições com sentido de nossa linguagem, não
pode prosseguir indefinidamente. Não podem essas proposições ser infinitamente
complexas porque elas se referem a fatos do mundo que não são infinitamente
complexos. O final dessa análise, portanto, devia esbarrar em pontos fixos,
nomes que não mais poderiam ser decompostos. E esses nomes corresponderiam a
objetos indecomponíveis do mundo. E o principal problema com o atomismo lógico
dizia respeito à inadequação do modo como esses filósofos defendiam que
linguagem representava o mundo. Seus questionamentos partiam da necessidade de
uma isomorfia entre linguagem e mundo e não de um questionamento sobre o mundo
em si.
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1 WITTGENSTEIN,
Investigações filosóficas. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p.53.
2 Idem, p.56.
3 Idem, p.56.
4 MORENO, Arley R. Wittgenstein: os labirintos da
linguagem: ensaio introdutório. São Paulo: Moderna, 2000, p.55.
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A
Filosofia é uma atividade permanente de esclarecimento, não se pode reduzi-la a
linguagem, como pretendeu a filosofia analítica. O esclarecimento permanente
das questões tal como se apresentam concretamente na vida humana e não somente
na linguagem, é óbvio que a análise da linguagem faz sua parte importante, como
instrumento auxiliar, coisa que não pode ser exagerada, porque a maior parte
dos elementos que lidamos ainda não tem uma formulação linguística de
concordância unanime entre os filósofos, há elementos de experiência interior e exterior que escapa da expressão
linguística, um exemplo é o fenômeno das duas grandes guerras mundiais e das
tiranias totalitárias, impondo aos seres humanos, uma quantidade de sofrimento
e de situações absurdas que surgiram, as quais elas não conseguiram expressar
verbalmente. Não esqueçamos que a própria lógica como disciplina científica,
ela é um dos dados da situação existencial social que estamos vivendo, tem uma
função dentro do universo das ciências, da tecnologia, etc., se faz mister ser
analisada como força social, e não apenas
dentro dos detalhes formais da própria lógica.
O
uso universal dos símbolos produz um sistema simbólico que é a definição de
linguagem. Então, a linguagem é o sistema que permite a troca entre objetos da
realidade física, as coisas, com objetos da realidade mental, os símbolos. A
linguagem possui duas funções básicas. A primeira e principal função é a de
intercâmbio social. O humano se comunica antes de aprender a falar. Sinaliza,
gesticula, usa todo tipo de recurso para indicar seu estado emocional e o seu
estado físico. Sabemos, por projeção das nossas próprias necessidades, quando
um bebê sente fome ou dor, mas não sabemos exatamente o que ele sente. Quando
um bebê chora, as mães precisam ser criativas e tentar todo tipo de solução
para parar o choro da criança, pois não sabem exatamente se a criança está com
fome ou se sente dor ou, ainda, se chora por manha. A segunda função da
linguagem é o pensamento generalizante. Neste momento, o humano aprendeu a
fazer abstrações, falando das coisas inexistentes (Saci Pererê, Cavalo Alado,
Sereia, Mula Sem Cabeça, etc.) fazendo referências a elas. A ordenação do real,
o agrupamento de ocorrências, a classificação e a previsão são parte dessa
segunda função da linguagem. Então, o humano, aos poucos, ganha a habilidade de
ser racional tão cara à nossa felicidade. É quando o humano se torna plenamente
humano, dominando os processos mentais superiores, tipicamente humanos: ações
conscientemente controladas, atenção voluntária, memorização ativa, pensamento
abstrato, comportamento intencional.
BIBLIOGRAFIA
Frege,
G. Alcoforado, Paulo (Tradução). Lógica
e Filosofia da Linguagem. 2ª edição. São Paulo: Edusp, 2009.
Haching,
Ian. Por que a linguagem Interessa à
Filosofia?. São Paulo,
(Unesp) 1999.
Lycan, William. Filosofia
da Linguagem (tradução
providenciada pelo Professor Dr. Giovanni Queiroz). João Pessoa, 2011.
Vygotsky,
L.S. Pensamento e Linguagem. São
Paulo, Martins Fontes, 1987.
Zilhão,
Antônio. Linguagem da Filosofia e
Filosofia da Linguagem. Estudo sobre Wittgenstein, Lisboa, Colibri, 1993
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