quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Noção de PESSOA ao longo do tempo...

A filosofia é a desbanalização do banal, o que tem de mais corriqueiro, aquilo
que você vê todos os dias e não dá explicação. A ciência procura explicar aquilo
que não conhecemos.

O homem começou a se indagar sobre "o que é ser alguém" ainda na Grécia antiga, quando a Filosofia estava apenas começando. Deste período até hoje, a ideia que se tem sobre o tema passou por muitas mudanças. Leia, a seguir, nesta breve linha do tempo, como se construíram as visões que predominaram ao longo da história:

ANTIGUIDADE:


Sócrates (469-399 a.C.) • foi o filósofo que trouxe o exame da vida humana para o centro do debate. Ele muda o foco da Filosofia do cosmos para o anthropos, indagando sobre temas como a virtude, a justiça e o poder.

Platão (428/427 - 348/347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) • ambos desenvolveram as questões a repeito do homem levantadas por Sócrates e tentaram encontrar definições para o ser humano.

IDADE MÉDIA:

• Seus vários períodos, marcados pelo domínio da Igreja católica, não se restringiram a considerar o homem como imagem e semelhança de Deus. Ele também foi pensado como parte de um projeto cosmo-teológico que o colocava como pivô de forças cósmicas em combate.

MODERNIDADE:

• O Iluminismo • funda as bases da moderna noção de pessoa, que passa a ser pensada como racional, livre e responsável por suas ações.




Immanuel Kant (1724-1804) • o filósofo escreve sobre o Iluminismo, na Resposta à questão: o que é o Iluminismo, e afirma ser ele a chegada do ser humano à sua maioridade, o que significa a liberdade de decisão por si mesmo e, em contrapartida, a liberdade de suas ações. Na Crítica da Razão Prática, afirma que as pessoas devem ser consideradas como fins em si e não como meios - se todos os seres humanos são iguais, deve-se tratar a todos do mesmo jeito.

• Revolução Francesa • o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" traz um conceito de pessoa, o "cidadão", permeado por essa mesma liberdade mencionada anteriormente e que inclui a necessidade de que todos sejam tratados como iguais. Seres livres e iguais que só poderiam escolher, como princípio de vida, a fraternidade.

• Em muitos momentos, no entanto, alguns homens foram tratados como "inferiores", apontando a fragilidade do conceito de pessoa construído até então. Como exemplos, os vastos impérios coloniais europeus, que dizimaram milhares de indivíduos nas colônias da África e da Ásia; os fascismos europeus; o regime de segregação na África do Sul; e os diversos conflitos étnicos e políticos.

Schopenhauer (1788-1860) • antes mesmo de Freud, indica que o ser é guiado não pela razão, mas pela vontade, descrita como uma força "cega e irracional" que o anima.



CONTEMPORANEIDADE:


Freud (1856-1939) • mudou a noção de "pessoa" ao descobrir o inconsciente, que acrescentou à dimensão racional uma ligação profunda com forças irracionais.


Edgar Morin (1921) • propõe que o humano seja pensado, além de em sua dimensão racional, também em termos afetivos, emocionais, sensíveis, mesmo loucos - ao lado do Homo sapiens aparece o Homo demens.

Fontes utilizadas:

Arístóteles - Kenneth Mclesh
Revista Filosofia -número 55 ano V