domingo, 12 de dezembro de 2010

O Cientista e a eternidade


De olho no universo: O cientista e a eternidade
Carlos Romero Filho
do Portal Correio.


Entre as indagações mais profundas que o homem já se fez está a seguinte: o Universo sempre existiu? Em outras palavras, houve um começo de tudo? E ao refletir sobre o assunto é natural que sejamos levados a uma segunda questão: o Universo terá um fim?
Até o início do século XX, questões como essa eram discutidas exclusivamente no âmbito da Filosofia, ou da Religião. A Ciência parecia se mostrar completamente impotente para abordar tal tema. A teologia ocidental, por outro lado, oferecia uma resposta: o Universo teve, sim, um começo, quando foi criado por Deus. Todavia, ao defender a idéia de uma “criação” do Universo, os teólogos se deparavam com um sério problema. Porquanto, se o Universo, que compreende todas as coisas existentes, teve um início, com relação a que relógio se deu tal “início”? Não seria necessário admitir a preexistência de um “relógio cósmico”, anterior ao próprio Universo?... Para resolver contradições como essa, o arguto filósofo escolástico Santo Agostinho respondia com a afirmação de que Deus teria criado o tempo junto com o Universo, tornando desnecessária a existência prévia de um relógio.
Não era essa a visão de Newton, cientista inglês considerado o fundador da Física Clássica. Para Newton, o tempo tinha um carácter metafísico, absoluto, independente de qualquer observador, independente mesmo de toda realidade material, não podendo, portanto, ter sido criado juntamente com o Universo.
Por outro lado, para a filosofia, a solução teológica não parecia convincente. O problema do início do tempo, - ou do Universo, continuaria a ser intensamente debatido pelos filósofos, até o aparecimento de Immanuel Kant, cujas idéias causaram uma profunda mudança no pensamento filosófico moderno. Realmente, Kant, com sua “Crítica da Razão Pura”, pareceu encerrar de uma vez por todas a questão. Para o filósofo alemão, qualquer que seja nossa resposta à questão do início do Universo, seremos levados a uma contradição lógica, ou, uma “antinomia”, como se diz no jargão filosófico. Segundo Kant, também nunca poderemos saber se o Universo é espacialmente finito ou não. Não pretendo discutir aqui os argumentos de Kant, o que tomaria muito tempo, mas o fato é que, depois dele, ficou-se com a impressão de que, assim como a Ciência da época, a filosofia se revelaria definitivamente incapaz de abordar a mais fundamental das questões.
Acontece que esse cenário filosófico negativo não perduraria por muito tempo. Uma teoria científica revolucionária, nascida no início do século XX, parecia destinada a abrir novos horizontes em nossa concepção do mundo. Refiro-me à teoria da relatividade geral, formulada por Albert Einstein em 1915, que de uma maneira radical veio revolucionar completamente as noções de espaço e tempo concebidas pela Física clássica, desde sua criação por Newton. Mas, como é possível que uma teoria da Física tenha algo a dizer a respeito do início do mundo? Tal questão não parece transcender à Ciência?

A verdade é que Einstein, após ter conseguido inesperado êxito na explicação de vários fenômenos físicos ligados ao eletromagnetismo e à gravitação dos corpos, percebeu que sua nova teoria teria também muito a dizer sobre o nosso Universo considerado em sua totalidade. Isto era inteiramente novo, pois jamais uma teoria da Física tinha sido capaz de tratar o Cosmos como um sistema físico, possuindo uma dinâmica própria e sujeito a leis matemáticas, estas passíveis de serem descobertas pela observação e experimentação. Foi, então, a partir dessa constatação que o sábio alemão ousadamente construiu o primeiro modelo matemático do Cosmos. Nascia assim o chamado “Universo de Einstein”, que para perplexidade de muitos era finito, e não infinito, como se pensava antes.
Surge agora a indagação: com o modelo relativístico de Einstein, que se pode afirmar a respeito do início do Universo? A verdade é que, consistente com os dados observacionais e astronômicos disponíveis na época, o modelo de Einstein descrevia um universo eterno, sem começo e sem fim. Tratava-se de um universo estático, isto é, sem maiores mudanças, quando se considera uma escala cosmológica. Mas, tinha uma novidade, que era sua forma: finito e encurvado sobre si mesmo parecia uma gigantesca esfera tridimensional.
O Universo de Einstein teve vida curta. Uma descoberta surpreendente da Astronomia logo fez os cientistas abandonarem a concepção Einsteiniana. De fato, em 1929, o astrônomo americano Hubble descobriu que em cada ponto do Universo as galáxias se distanciavam umas das outras. O significado dessa observação era evidente: o Universo estaria em expansão. Ora, tal conclusão estava em flagrante contradição com o universo estático de Einstein. Era necessário, portanto, construir um novo modelo cosmológico, um modelo em que o Cosmos apresentasse uma natureza dinâmica, evolutiva, que desse conta desse movimento de expansão. Não demorou muito e tal modelo foi formulado. Seu autor: um desconhecido matemático e físico russo chamado Alexander Friedmann. O modelo de Friedmann, que também se utiliza da teoria da relatividade geral, levava a uma conclusão inesperada e estranha: o Universo teria tido um começo! Possivelmente, há cerca de 15 bilhões de anos.
A existência de um início do Universo, de acordo com a proposta de Friedmann, implicava que tanto o espaço como o tempo teriam tido também tido um começo. (Aliás, exatamente como queria Santo Agostinho). O instante zero da criação, quando toda matéria e energia teriam irrompido subitamente, vindo do nada, ficou sendo chamado a “grande explosão”, ou “big-bang”, para usar a expressão inglesa. Numa linguagem mais científica os cosmólogos se referem a este início explosivo como “uma singularidade cosmológica”. Nessa terminologia, podemos dizer que o modelo de Einstein, ao contrário da representação de Friedmann, predizia um universo “não-singular”.
Durante a década de sessenta do século passado, a idéia de que vivemos num Universo singular foi reforçada por argumentos extremamente convincentes apresentados por dois matemáticos ingleses: Stephen Hawking e Roger Penrose. A existência de uma tal singularidade cosmológica, parecia ser uma condição necessária e imperativa da própria teoria da relatividade geral. Não aceitar este fato implicaria rejeitar toda a teoria de Einstein e dados observacionais incontestáveis, algo que a comunidade dos físicos consideraria impensável.
Mas, a história da Ciência parece ilustrar magnificamente o funcionamento das leis da dialética, as quais, como bem percebeu o filósofo alemão Hegel, regem a evolução do nosso conhecimento. É sempre a partir das contradições e da superação destas que avança o conhecimento científico. Nada parece ser definitivo no conhecimento científico, não há verdades imutáveis e tudo tem um carácter provisório. Não poderia ser diferente com a teoria do “big bang”. A teoria do Universo que predizia sua criação súbita engendraria sua própria contradição. E foi assim que, no final da década de oitenta, começaram a aparecer novas alternativas para o paradigma do Universo Singular. E o mais importante: todas elas compatíveis com os dados observacionais mais recentes da Astronomia.
As novas teorias do Universo baseavam-se no argumento de que se a teoria original de Einstein sofresse pequenas modificações, as conseqüências inexoráveis dos teoremas de Hawking e Penrose seriam evitadas. A partir deste momento novos cenários do Cosmos começaram a aparecer, agora contando outras histórias... E entre essas, peço permissão ao leitor para contar uma delas, bem particular. Uma história que relata um fato científico, do qual tive a feliz oportunidade de tomar parte.
No final dos anos oitenta concluí meu doutorado em Cosmologia, disciplina que me fascinava pela magnitude e relevância das questões de que tratava. Particularmente atraído pelo mistério do Universo primordial, eu me sentia excitado com as propostas de novas teorias que defendiam a idéia de um universo não-singular. Nessa época, a teoria da gravitação de Einstein passava por uma espécie de revisão em vários sentidos. Era como se todas buscassem novas idéias para explicar o universo primordial, e oferecer uma resposta alternativa à questão da singularidade inicial. Uma delas me chamou a atenção pela sua elegância matemática: a chamada teoria de Einstein-Cartan, uma modificação da relatividade geral.
Foi nessa época que conheci Mário Assad, que, assim como eu, tinha acabado de defender sua tese de doutorado em Cosmologia. Duas circunstâncias, nessa ocasião, me pareceram muito favoráveis: Mário era um especialista da teoria de Einstein-Cartan e estava regressando à UFPb para lecionar e formar um grupo de pesquisas. Era portanto, quase inevitável, que começássemos uma colaboração científica. E para minha surpresa, partiu dele a iniciativa de investigar o que eu já tinha em mente: a dinâmica do Cosmos na teoria relativística de Einstein-Cartan. Detentor de uma sólida formação em Cosmologia, Mario me falou, de uma conjectura sua. O Universo seria eterno, como no velho modelo de Einstein, porém com uma diferença: não seria estático, mas oscilante, alternando fases de expansão e contração. Segundo o pensamento dele, estaríamos agora numa fase de plena expansão, num regime em que todas as galáxias se distanciam umas das outras. Continuando, seguir-se-á uma fase em que teremos o reverso desse movimento. Nessa fase posterior, o Universo começaria a se contrair, tornando-se cada vez mais denso. Aí a temperatura do Universo atingiria níveis altíssimos, fazendo com que a matéria na forma em que a conhecemos se desestruturasse completamente. Até que...
Não, leitor, nesta fase de contração o Universo não se tornaria singular, com tudo que existe se concentrando num único ponto. Não haveria o colapso total da matéria e nem do próprio espaço-tempo. No novo modelo cosmológico imaginado por Mário Assad, a singularidade cósmica seria evitada e o Universo voltaria a se expandir como antes, num eterno movimento de expansão e contração. Haveria naturalmente um mecanismo capaz de produzir uma força de repulsão que evitaria o colapso gravitacional. E de onde viria tal força? A resposta é que a repulsão viria de uma propriedade muito curiosa da matéria: o spin das partículas elementares. O spin, uma propriedade quântica da matéria, daria origem ao que os físicos teóricos chamam de torção do espaço-tempo. O spin: eis aí um dado que não havia sido levado em conta na teoria da relatividade geral. Confesso que experimentei grande prazer estético com tal conjectura e me lembrei de que a mesma idéia de um universo eterno e oscilante, sem início nem fim, já havia fascinado outros cosmólogos, entre eles John Archibald Wheeler, um dos mais criativos cientistas do século passado.
Concluímos nossas investigações sobre modelos cosmológicos na teoria de Einstein-Cartan em pouco mais de um mês. Não me esqueço da enorme satisfação que tive ao verificar que os cálculos confirmavam as idéias de Mário Assad. Estávamos, sem dúvida, diante de um novo cenário cosmológico. Não era o Universo de Newton, nem de Einstein, nem o de Friedmann, nem muito menos o de Santo Agostinho. Uma pequena modificação da genial teoria da relatividade, que simplesmente levava em conta a presença do spin da matéria, eis aí o ingrediente adicional que conduzia a um resultado bem diferente. O Universo era eterno, pulsava, “respirava”... Curiosamente, representações como essa já haviam aparecido na cosmologia hindu, assim como cosmologia chinesa: uma fase yin, seguida de uma fase yang, num eterno movimento de expansão e contração...
Apesar de termos ficado satisfeitos com o que havíamos feito, a verdade é que não tínhamos a pretensão de ter obtido nenhuma importante descoberta científica. Víamos nosso resultado com um mero modelo matemático um exercício teórico que explorava as conseqüências da teoria de Einstein-Cartan. Mesmo assim, apresentamos nossas conclusões numa conferência na Universidade do Colorado. E no ano seguinte, publicamos nosso trabalho na revista Astrophysics and Space Science, um modesto periódico europeu especializado em Astrofísica. Era o ano de 1990, e eu não sabia que essa seria minha única e última colaboração científica com Mário Assad.
Aparentemente o modelo do Universo eterno e oscilante não teve muita repercussão no meio científico. Até hoje nunca vi uma citação bibliográfica do nosso artigo. Na verdade, eu até já o havia esquecido. Mas, eis então que me deparo com uma curiosa reportagem publicada recentemente pela revista VEJA sobre uma nova teoria de buracos negros, proposta pelo cientista polonês Nokodem Poplawski. Buracos negros são, talvez, a previsão mais estranha da relatividade geral e hoje tornaram-se muito populares na ficção científica. Segundo a teoria padrão da gravitação, no interior de cada buraco negro existe uma singularidade, um ponto onde a matéria atinge uma densidade infinita devido a inexorável colapso gravitacional. Há um fortes evidências de que essas criaturas cósmicas existam mesmo. No entanto, lendo o artigo da VEJA, constato que para Poplawski a matéria no interior de um buraco negro não se tornaria singular. Segundo este cientista, tal singularidade prevista pela relatividade geral é fictícia: forças de repulsão causadas pela torção do espaço-tempo, isto é pelo spin da matéria, superariam a força da gravidade, evitando o colapso. E mais, ainda segundo Poplawski, a teoria da gravitação de Einstein deveria ser substituída pela teoria de Einstein-Cartan! Fiquei perplexo. O mecanismo invocado por Poplawski era exatamente o mesmo do modelo do Universo eterno e oscilante, que Mário Assad tinha concebido vinte anos atrás... Fiquei pensando como é interessante o aparecimento e reaparecimento de idéias idênticas na história da Ciência...
O fato é que se a teoria de Poplawski estiver correta, é possível que possamos encontrar uma resposta à questão do início do Universo. Mas, como ainda é cedo para saber, por enquanto o mistério persiste. Como tantos outros mistérios, que nossa “vã” Ciência ainda não consegue explicar.
Mas, terminemos por aqui, esta conversa que não quer acabar, como se quisesse ser eterna. A verdade, leitor, é que, mudando um pouco de assunto, recontar essa história me deu uma grande saudade dele...Dele, o cientista, o professor, o colega e amigo. O eterno Mário Assad.

sábado, 6 de novembro de 2010

UTOPIA (Tomas Morus)




[...] A utopia faz parte da estrutura histórica do homem: é esta a
mensagem da obra O Princípio Esperança do filósofo marxista alemão
Ernst Bloch (1885-1977), cujos 3 volumes acabam de ser traduzidos para
o português1. Bloch busca demonstrar que o espírito utópico, embora
pareça estar divorciado da realidade presente, vislumbra que o “aqui e
agora” é preocupante; isto é, a utopia deixa margem a uma real crítica do
presente (PE I, 16-20). Ernst Bloch é um pensador da utopia2, como diz
Laënnec Hurbon em seu ensaio sobre Bloch3, sendo considerado como
um dos críticos mais corrosivo da cultura ocidental-cristã.
Nesse sentido, por ser um pensamento essencialmente crítico, a
obra de Bloch permite estabelecer um real diálogo com a Filosofia latino-
americana sob a ótica ligada à problemática do homem situado; isto é, às
questões político-econômico-tecnológicas. Assim, parece ser possível ler
a obra de Bloch a partir de uma ética material de vida, tal como é
desenvolvida por Enrique Dussel em sua Ética e libertação, “ética crítica
a partir das vítimas (pois) são as vítimas, quando irrompem na história,
que criam o novo”4. Eis aqui o campo fecundo da utopia.

[...] *PRINCÍPIO ESPERANÇA E A “HERANCA INTACTA DO
MARXISMO” EM ERNST BLOCH -Antonio Rufino Vieira
Professor associado no Departamento de Filosofia
da Universidade Federal da Paraiba /Participante
dos GP/CNPq Filosofia da Praxis e Etica e Cidadania

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1)A CONCEPÇÃO DA ILHA DE 'UTOPIA' ESTÁ ENRAIZADA EM 2 IDÉIAS PRINCIPAIS:
--->1. a NÃO existência de PROPRIEDADE PRIVADA;
--->2. o alcance dos INTERESSES INDIVIDUAIS.

* A PROPRIEDADE PRIVADA ENTENDE-SE PELA DESIGUALDADE MATERIAL E SE REFERE
MUITO MAIS A PROPRIEDADE PRIVADA COMO A VEMOS HOJE,DO QUE À CONCENTRAÇÃO
DE RIQUEZAS POR DIREITO DE POSSE,COMO NO CASO DA NOBREZA EUROPÉIA TRADICIONAL.
NO TEXTO VIVO HÁ UMA CRÍTICA FERRENHA AO PRÉ-CAPITALISMO INGLÊS.

sábado, 4 de setembro de 2010

A Fábula das abelhas e o Mundo humano


A FÁBULA DAS ABELHAS

"Aquilo que de pior existe em cada um, contribuiu alguma
coisa para o bem comum." (Bernard Mandeville)



A Fábula conta, de forma irônica, como os vícios de cada abelha em particular eram vitais para a pujança econômica da colméia como um todo. No entanto, pregando como ideal as virtudes e condenando os vícios, as abelhas acabaram tendo seu pedido atendido, e seu deus colocou um fim nos vícios. Todos eram virtuosos agora. Mas não foi preciso muito tempo para que o desemprego começasse a surgir em larga escala, e a economia da colméia ficasse totalmente estagnada. Mandeville pretende mostrar a importância dos vícios, mas deixa claro que, apesar destes serem inseparáveis das grandes sociedades, e que é impossível a riqueza sobreviver sem eles, os membros particulares da sociedade que são culpados de algum vício devem ser reprovados ou mesmo punidos quando viram crimes. Ou seja: se aceita que os vícios são a força motora do crescimento econômico, mas nem por isso deixa-se de combater seus excessos. O alvo de Mandeville era aparentemente os moralistas que pintavam o homem como anjos. Seu texto pode até ser visto como um reductio ad absurdum desse moralismo, mostrando como seria na prática uma sociedade habitada somente por “santos” que abdicam de seus próprios interesses, de sua ganância.

O Dr. Mandeville considera que tudo o que se faz por senso de conveniência, por respeito ao que é recomendável e louvável, se faz por amor ao louvor e à aprovação, ou, como ele diz, por vaidade. Observa que o homem naturalmente está muito mais interessado em sua própria felicidade do que na de outros, e que é impossível, em seu foro íntimo, preferir realmente a prosperidade destes à sua própria. Quando aparenta preferir a de outros, podemos estar certos de que nos ludibria, e de que está agindo pelos mesmos motivos egoístas e todas as outras vezes. Dentre todas as suas outras paixões egoístas, a vaidade é uma das mais fortes, e sempre fica facilmente lisonjeado e intensamente deliciado com os aplausos dos que o rodeiam”. Mas Adam Smith afirma que o desejo de fazer o que é honroso e nobre, de nos convertermos em objetos apropriados de estima e aprovação, não pode ser chamado de vaidade. O amor à verdadeira glória, segundo Adam Smith, é diferente da paixão da vaidade simples, pois é uma paixão “justa, razoável e eqüitativa, enquanto a outra é injusta, absurda e ridícula”. Ele explica: “O homem que deseja estima por algo realmente estimável nada mais deseja senão aquilo a que com justiça tem direito, e aquilo que não lhe pode ser recusado sem que se cometa alguma espécie de ofensa”. Nesse sentido, até o que finge merecer estima está reconhecendo o que é estimável. A frase de La Rochefoucauld expressa com perfeição isso: “A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”.

Adam Smith coloca o dedo no nervo da questão: “É a grande falácia do livro do Dr. Mandeville representar cada paixão como inteiramente viciosa, em qualquer grau de sentido. É assim que trata como vaidade tudo o que guarde alguma referência com o que são ou deveriam ser os sentimentos alheios; e é por meio desse sofisma que estabelece sua conclusão favorita, de que vícios privados são benefícios públicos”. No entanto, após a mordida, o filósofo escocês assopra, afirmando que “por mais destrutivo que esse sistema possa parecer, jamais poderia ter ludibriado tão grande número de pessoas, nem provocado um alarma tão generalizado entre os amigos dos melhores princípios, se não tivesse em alguns aspectos bordejado a verdade”.

Hayek foi um dos grandes pensadores modernos que resgatou a obra de Mandeville. Um dos pontos mais importantes que merece ser destacado é o fato de que ações individuais geram resultados não intencionais. Não é preciso chegar ao ponto de defender vícios como virtudes, pois basta reconhecer que ações voltadas para a própria felicidade podem acarretar em bem-comum. Mas nada impede que esses indivíduos sejam virtuosos, seguindo um parâmetro ético de comportamento. A ética lida com aquilo que pode ser, diferente daquilo que é. Falar em ética é falar em escolha individual. Como diz Eduardo Giannetti, em seu livro Vícios Privados, Benefícios Públicos?, “as regras do jogo e a qualidade dos jogadores são os dois elementos essenciais de qualquer sistema econômico”. Giannetti acredita que é uma “ilusão supor que o auto-interesse dentro da lei é tudo o que o mercado precisa para mostrar do que ele é capaz na criação de riqueza”. Afinal, “nenhum ordenamento moral conseguiria manter-se baseado apenas na imposição, por parte da autoridade estatal, de leis coercitivas sobre um conjunto de indivíduos isolados e recalcitrantes”. O medo não basta. A punição não é suficiente. O caráter da população importa. O capital humano é fundamental. A confiança mútua facilita muito. A ética conta. Como disse Benjamin Disraeli, “quando os homens são puros, as leis são inúteis; quando os homens são corruptos, as leis são quebradas”.

Isso não quer dizer, de forma alguma, que a tentativa de se “corrigir” a natureza humana, imposta de cima para baixo, seja desejável. O século XX já mostrou com os horrores do nazismo e comunismo o que a “engenharia” do caráter faz. David Hume já havia alertado que “todos os planos de governo que pressupõem uma grande reforma na conduta da humanidade são claramente fantasiosos”. Isso não nos impede, entretanto, de buscar enaltecer as virtudes humanas num ambiente de liberdade individual. Para Giannetti, seria a volta do senso comum: “virtudes privadas, benefícios públicos”.

----> COMENTÁRIO: ------->

Uma das condições mais necessárias para o progresso da humanidade é o egoísmo humano, já que sem este não estaríamos vivos. De fato, não existe nenhum animal na Terra que não seja egoísta, pois se algum dia já houve, este com certeza foi rapidamente extinto .
Todos as nossas atitudes e sentimentos são moldados pelo nosso egoísmo. Ou seja, pela vontade instintiva que nós temos de se sentir bem, ter prazer e buscar a felicidade. Quando alguém deixa de humilhar uma pessoa, muitos poderiam dizer que ela não é egoísta, pois se importou com os sentimentos do outro e não pensou só nela. Mas eu digo que essa pessoa também é egoísta, já que na verdade ela realizou essa escolha pensando em PRIMEIRO PLANO nela mesma. Uma pessoa toma tal decisão ou porque ela iria instintivamente (sem nenhuma causa primária decorrente de um pensamento racional) se sentir pior tomando a decisão oposta; ou porque ela iria se sentir bem tomando atitudes que todos dizem ser nobres, talvez por ter orgulho disso ou por ser calculista como um empregado puxando o saco de seu chefe; ou porque caso seja supersticiosa ou religiosa ou tenha fé em certo princípios, tenha medo de ir para o inferno ou tenha medo que aconteça algum mal a ela; ou uma mistura das anteriores. Todas nossas atitudes, tanto os ditos nobres como os ditos ruins, tem a ver com o egoísmo. Isso é óbvio já que somos seres naturalmente egoístas, mas muita gente não admite isso e inclusive formulam várias teorias baseadas em uma inverdade.
Valorizo e recomendo várias atitudes que eu julgo nobres (nem sempre coincidem com a opinião geral). Essas atitudes visam o bem estar diretamente da própria pessoa e o legal é que geralmente essas atitudes acabam sendo benéficas para muitos outros indivíduos. Quando você não invade a liberdade de outra pessoa, na verdade você está dando um incentivo para que as outras pessoas não invadam a sua também. O mesmo vale para o respeito de acordos ou contratos. Por isso eu as considero nobres.
Por tanto Bernard Mandeville está certo quando diz que o egoísmo ajuda no progresso. Entretanto, o egoísmo é uma condição necessária para o progresso mas não suficiente. Para com certeza termos progresso é preciso muito mais que só egoísmo, é preciso de inteligência para julgar as melhores atitudes a serem seguidas. Algumas dessas são universais e eternas, já outras são adequadas para um certo local e hora.

domingo, 18 de julho de 2010


A Filosofia
A Filosofia consiste na reflexão sobre os princípios fundamentais relacionados ao homem e ao mundo, de forma crítica e racional. No entanto, para entender toda a “investigação”, análise e reflexão propostas por ela, é necessário compreender a evolução do pensamento filosófico. Esse é o objeto da História da Filosofia, o estudo das idéias e suas relações o longo do tempo.
Surgida entre os séculos VII e VI a.C., na Grécia Antiga, era, a princípio, uma interpretação dos mitos como forma de questionar sua aura sagrada. Segundo Platão e Aristóteles, os mitos teriam sido o objeto inicial de reflexão dos filósofos, pois as interpretações deles, comumente aceitas, formavam as bases de todo o conhecimento.
Uma vez adquiridas e enriquecidas, essas bases eram repassadas de geração a geração, como uma forma de observação dos fenômenos naturais que interferiam nas relações humanas e que questionaram ainda os padrões éticos e morais aceitos em cada época.
Como uma forma de organizar todos esses questionamentos surgiu a ciência, que, utilizando instrumentos e métodos para o exercício da razão e trabalhando com teorias em vez de hipóteses, criou novos padrões de pensamentos.Praticamente todo o avanço tecnológico que observamos em nossos dia a dia só foi possível graças à racionalização da ciência, gerada e nutrida pela filosofia, que se apresenta, nesse contexto, como a grande “mãe de todas as ciências”.
Compreender a História da Filosofia nos ajuda a entender a história do nosso pensamento, desde a Antiguidade Clássica até o presente.

FONTE: PAULO GHIRALDELLI JR. (História da Filosofia Essencial)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Á GO RA



ÁGORA

ÁGORA era o espaço na cidade de Atenas reservada
a pa-la-vra.A vida em Atenas se manifestava na
Ágora,lugar da palavra,onde existia a Casa do Conselho,
formada por quinhentas pessoas que decidiam a pauta
de discussões debatidas diariamente.
Local de diversas atividades: espaços de danças religiosas
(orkhestra); nos pórticos, palco para comer, negociar,
ouvir fofocas e cumprir obrigações religiosas; no poikile,
local onde a grande massa da população se encontrava; no
principal tribunal popular da cidade (heliaia); espaço
onde os cidadãos se encontravam para votar o ostracismo,
o banimento da cidade; abrigava o bouleuterion.

ATENAS para os gregos antigos,era a PÒLIS tolerante e
cosmopolita,aberta ao mundo e não apenas um simples
pontinho no mapa do planeta.



DIÓGENES de Sinope não só comia na Ágora como também se
masturbava ali. Masturbar-se em público nunca foi algo
aconselhável,menos ainda em lugar que merecia total respeito,
como a Ágora, um lugar em que os cidadãos se reuniam para
grandes deliberações.

[NOTA : NÃO CONFUNDIR COM O FILME ÁGORA (Ágora é um filme recheado mas nem por isso com uma identidade definida.
O filme está tripartido entre o relato de um triângulo amoroso, a história de uma filósofa (Hipácia) realmente à frente do seu tempo e a lição para as gerações presentes sobre o valor do conhecimento e o risco do fundamentalismo.
Tudo isto está junto mas não se chega a interligar de forma a que o todo se eleve para lá das suas partes.]


sábado, 20 de março de 2010


A BUSCA PELO CONHECIMENTO

O mundo não é estático, onde tudo já está dado de forma objetiva, assim se explica as mudanças que vemos o tempo todo ao nosso redor. “Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo/ Tudo que a gente viu há um segundo/ Tudo muda o tempo todo no mundo/ Não adianta fugir / Nem mentir prá si mesmo agora/ Há tanta vida lá fora/ Aqui dentro sempre/ Como uma onda no mar" [Como uma onda no mar- Lulu Santos]. A canção não exclui uma dose de humor e aborda incisivamente a questão filosófica de natureza metafísica do Ser, de uma maneira lúdica Lulu Santos convida a todos a cantarolar Filosofia.
Pensar o que era e o que é agora: O presente, por exemplo, é um sutil e tênue hiato entre o que foi e o que ainda está para ser. O debate entre pensamento racional e percepção proveniente dos sentidos abre novos caminhos na busca pelo conhecimento. E através da fala e da tradição escrita o homem desenvolveu a sociedade e assim a civilização. O conhecimento ocidental foi construído através do conhecimento subjetivo em uma busca incessante de temas metafísicos, tais como: da virtude, da moral, da ética, justiça, etc. Assim nasceu a filosofia no mundo grego, aqueles filósofos antigos buscavam respostas ou verdades sobre os temas citados, em oposição aos sofistas que eram pagos para ensinar a argumentar ou a arte da ‘dialética’.
E assim foi que o conhecimento teve a maior evolução da história ao passar dos séculos; a metafísica foi construída, debatida, ganhou ‘roupagens’, entretanto, com o mesmo objetivo de buscar verdades ou soluções para indagações do ‘demasiado humano’. Além do conhecimento aplicado a ciências científicas, este conhecimento vem sendo usado como ferramenta democrática, quebrando a ignorância que aprisiona o ser humano em cavernas invisíveis, colocando-os à margem da sociedade, sem luz, sem sonhos e sem perspectivas de ser feliz. Não é utopia acreditar que a Filosofia possa ter esse poder eficaz e formador de transformação do individuo, no sentido de desenvolver o senso crítico.

•Branquinho, "Objeto e Método da Metafísica"
•Conee, "O que é a Metafísica?"

•Loux, "Introdução à Metafísica"

•Lowe, "A Natureza da Metafísica"

•Loux & Zimmermann, "A Metafísica Contemporânea"
Todo este material está na revista online Crítica, na seção Metafísica e Lógica Filosófica.

sábado, 13 de março de 2010

FELICIDADE...???


FELICIDADE


Felicidade é uma palavra que parece agregar todo e qualquer valor que estejamos buscando. Quando nossas escolhas são questionadas, costumeiramente alguém responde: “o que importa é ser feliz”. Mas o que significa ser feliz? Se perguntarmos as pessoas que estão a nossa volta, elas provavelmente responderão: felicidade é... ”um estado de espírito”; ou “estar com a pessoa com quem se gosta”; ou “viver em um lugar paradisíaco”; ou ainda “composta por pequenos momentos, ou etc. Imagine que ser feliz é ter uma vida plena.



Este é o objetivo no qual convergem todos os objetivos da sua existência, Ter uma vida plena é o ideal da sua vida. Mas qual é a fórmula da vida plena? É a nossa vontade que aponta o caminho da felicidade? Ser feliz é fazer só o que se quer? Não poderiam ser as emoções a apontar esse caminho? Neste caso, ser feliz seria apenas fazer aquilo que nos desperta emoções positivas. Todavia, muitas vezes a razão se mostra contrária às emoções. Enquanto você pensa em fazer algo que lhe faria alegre, a sua razão lhe sugere que aquela não é a melhor atitude a tomar. Bem, então seria a razão a apontar a trilha da vida plena? Considere que a razão pode nos conduzir ao autoconhecimento e à compreensão do mundo que nos circunda. Se assumirmos esta perspectiva, então ser feliz é compreender a nossa existência; é compreender a existência. Isso parece ser interessante! Felicidade seria, então, uma espécie de bem-estar mental ou intelectual?

Outra resposta á pergunta sobre a fórmula da vida plena poderia ser: “ter muito dinheiro; depois eu compro o que eu quiser”. Mas a felicidade pode ser comprada? Os bens materiais podem garantir a felicidade? Felicidade é o mesmo que ter bens materiais? Todas as pessoas que consideramos têm bens materiais e são felizes por causa deles? Se a resposta é sim, então as implicações são devastadoras. Considere que dada a escassez de recursos no mundo em que vivemos hoje, grande parte da população estaria condenada à infelicidade.
Por outro lado todas aquelas pessoas que tem muito dinheiro e que constituem uma pequena parcela da humanidade deveriam ser felizes. Mas não é isso que podemos observar. Vemos pessoas felizes ou infelizes, independente da quantidade da quantidade de bens que possuam naquele momento. Talvez a felicidade não esteja em algo que possamos possuir.

Outra resposta que tenho escutado, sobre a fórmula da felicidade, está associada ás nossas relações. Talvez a felicidade não esteja em nós, como um bem intelectual, nem fora de nós, como um bem relacional. Entretanto, uma relação como a amizade exige reciprocidade. A relação de amizade, por exemplo, não depende apenas do nosso próprio empenho, mas, conjuntamente, do empenho da outra pessoa. O bem-estar relacional pressupõe reciprocidade e, portanto, é frágil. Todavia são muitos e variados os relacionamentos que necessitamos ter para dar manutenção a nossa vida. Todavia, ao cultivarmos as nossas relações, fortalecemos a nossa vontade, nos conhecemos melhor e podemos ter emoções incríveis. Sem falar que “quem encontra um amigo, encontra um tesouro”! Não seria a felicidade um bem relacional?

terça-feira, 2 de março de 2010

GERAÇÂO Y

Geração Y

A geração Y é também conhecida como a geração Milleniun ou Geração da Internet. Teóricos e Sociólogos conferem o termo "Geração Y" ás pessoas nascidas entre 1977 e 1997. A grande diferença dessa geração com as anteriores é ter se desenvolvido numa época de grandes avanços tecnológicos, isso lhes confere uma maneira singular de pensar e agir, sendo pessoas dinâmicas, apressadas, que buscam uma posição de destaque no mercado de trabalho, além de serem ambiciosas, dando preferência a empresas que disponibilizam flexibilidade de horários, entre tantas outras características.

FONTE: Revista Filosofia –nº21

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Filosofia: mãe da Administração e Marketing
Em contribuição as abordagens filosóficas, segue abaixo o que considero interessante na Filosofia pela ótica positivista da Administração, pois, o nascimento desta ciência foi na Filosofia.

Não tem nada de novo, é uma pequena revisão da filosofia com 66 autores, que serve de forte base para Administração e Marketing.

- Aristóteles 400 a.C., que trata do homem virtuoso, ética aristotélica, não faça com os outros o que vc não quer que seja feito com vc, na polis tem-se o conjunto de instituições públicas (Politéia) que deveria servir as pessoas e não o contrário

- Hobbes sec. XVII, o homem como lobo do próprio homem, Leviatã, o Estado, homem artificial maior e mais forte que o próprio homem (no sentido de organização)

- Heráclito 540 – 476 a.C., não se entra duas vezes no mesmo rio, o homem tem que lidar com os opostos

- Sócrates, ser é saber o que não se é, só sei que nada sei

- Sto. Agostinho: a vontade gera o pecado e o desejo gera a vontade. No Marketing o que se busca é criar o desejo. Pela humildade é que se chega a Deus

- São Tomás de Aquino, bem aventurança, o homem na fé busca a razão. A razão está numa verdade suprema. Determinismo / Existencialismo, não consigo mudar o mundo

- Maquiável, o homem para quem os fins justificam os meios, vem da religião, extirpar o pecado para atingir o céu

- Morus, que trata o homem como ordeiro (Administração pura), cada um tem ciência do que deve fazer, cumprir seu papel, homem social

- Descartes, resgata a razão para os fatos que não seja sobrenatural, preserva a imagem de Deus com medo da inquisição, o homem cartesiano com racionalidade para a solução dos problemas, a razão está no método

- Pascal, contrapõe Descartes pela impotência da razão, deve-se considerar as contingências do ser humano, condições externas, o que o homem pode suportar

- Gracian, o homem prudente (princípio da Contabilidade)

- Adam Smith, interesse privado que se gera o bem comum, não ter a intervenção do Estado na Economia, a mão invisível.

- Kant, viveu sempre numa cidade pequena na Alemanha, sua filosofia sustenta o Direito, crítica da razão pura, quanto mais teoria vc tiver, mais fácil vc decide sobre qualquer assunto prático, o homem em função dos princípios universais, o homem deve agir de forma que valha para todos, que valha para o universo

- Hume, a prática, o dia-a-dia, o executar com que se tenha mais assertividade

- Schoppenhauer, a forma de manipular a idéia é usar sentimentos (Marketing puro), o homem como relógio de corda, reação a estímulos, ninguém suporta mais de 15 dias sendo feliz, o céu deve ser um inferno, todos os animais tem representações empíricas, mas os homens constroem representações abstratas ou conceitos, são as representações de representações (Marketing novamente)

- Kierkegaard, o homem representado em 3 estágios, ético, estético e religioso

- Nietzsche, o homem animal do rebanho, sente falta da necessidade de “pertencer” (Administração), a pressa é geral porque todos querem escapar de si mesmos, o corpo é um edifício social de muitas almas

- Husserl, o homem parentético que consegue colocar uma situação entre parênteses, avaliar e solucionar o problema, ou seja, abster do texto, mas, o homem não faz isso.
“Lixo” psicológico que nós armazenamos. Todos nós queremos ser avaliados por 2 variáveis (isso encaixa perfeitamente nas organizações):
* Subjetividade: cada um de nós é substântivo, um ser único
* Dinamicidade: mudamos constantemente
Mas, não conseguimos avaliar as pessoas nestas duas variáveis. Não devemos rotular, criar esteriótipos, torna-se superstição, hábito, crença e valor.

- Erich Fromm, livro Ter ou Ser, risco de coisificar tudo, inclusive as pessoas, somos educados ao “possessivo”, o meu, a minha, eu tenho (Marketing)

- Jaspers, o homem não toma consciência de seu ser senão nas situações limites, somente o objeto da minha escolha depende de mim, a liberdade é função de uma escolha (Marketing)

- Heidegger, o homem é um ser (livre) cuja existência precede a essência, o homem é um ser que interroga

- Frederick Taylor, Princípios da Administração Científica 1911, Shop Management 1914, o homem como instrumento do processo produtivo, estudo de tempos e métodos, princípios da eficiência: Previsão, Preparo, Execução, Exceção e Controle

- Hannah Arendt, livro A Condição Humana, o homem tem um sentido de pertencer ao mundo, o homem é ser indivíduo da ação política, despolitização do homem (atualíssimo)

- Sartre, fazer e, ao fazer, fazer-se e não ser nada sendo o que se faz. A existência humana é a contingência, ou seja a liberdade e indeterminação. A existência humana se confunde com a liberdade. O homem está condenado a ser livre. Livro Le Sursis

- Albert Camus, trata o homem como Revoltado, um homem que diz não tem consciência de que as coisas já duraram demais

- Giles Lipovetsky, o homem consumericus

- Teillard de Chardin, o homem moderno, o homem que sabe que sabe, reflexivo, tudo tentar até o fim, livro O Fenômeno Humano

- Maslow, o homem auto-realizado, a pirâmide da hierarquia das necessidades (Marketing puro)

- Carl Rogers, o homem emergente, dilema é o homem ser feliz X eficaz X submissão. E quem disse que a empresa é um lugar para ser feliz?

- Alan Watts, o homem não encapsulado, livro Nenhum Homem é uma Ilha

- Alberto Guerreiro Ramos: homem parentético X reativo X operacional

- Demais autores da Administração: Fayol, Elton Mayo, Kurt Lewin, Woodward, Herzberg, McGregor, Max Weber, Ettioni, Karl Marx, Blaw, Scott, Bertalanffy, Peter Drucker, Schein, Frank Gilbreth, Paulo Freire, Mary Parker Follet, Ordway Tead, Pavlov, Skinner, Bennis, Rensis Likert, Maxwell Malt, Gianetti da Fonseca, Domenico Dimasi, Eillen Ishapiro, Selznick, Herbert Simon, Al Ries Elaviaries, John Kennedy Galbraith, Thompson, Charles Perrow

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

SEXO E FILOSOFIA

SEXO E FILOSOFIA




A Sexualidade é tema recorrente nos 2,6 mil anos de história
da filosofia, ora como obstáculo para o conhecimento.Mas nenhum
filósofo grego teve sua obra tão associada à sexualidade quanto
Epicuro (341 a 270 a.C), considerado, equivocadamente, por alguns
um "libertino guloso".Esse equívoco foi responsável por conceber
a palavra "epicurismo", que assumiu a acepção hedonista de "culto
aos prazeres da carne".

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA

O DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA FOI INSTITUÍDO PELA ORGANIZAÇÃO
DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIÊNCIA E A CULTURA
(UNESCO). TODOS OS ANOS, ELE É COMEMORADO NA TERCEIRA
QUINTA-FEIRA DO MêS DE NOVEMBRO.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DEUS EXISTE?


DEUS EXISTE?

(DESCARTES prova que sim!)



Para Descartes algumas idéias são inatas ou seja já nascemos com elas, outras são geradas por nossa mente e outras são formadas por objetos que estão fora de nós. Assim, Descartes passou a investigar sobre a idéia que tinha de Deus.
A primeira prova da existência de Deus está ligada ao princípio de causalidade. A idéia de Deus supõe um Deus. Se está em mim a idéia Deus e eu não somos a causa desta idéia, então deve existir algo que seja a causa desta idéia, ou seja, Deus. Ora, se há em mim a idéia de Deus e não foi criada por mim, mas foi colocada em meu pensamento a partir de algo externo a mim, então a idéia de Deus tem sua causa no próprio Deus. A causa da idéia de Deus é Deus.
Diz Dscartes:"pelo nome de Deus entendo ma subst^ncia infinita, eterna, imutável,independente, onisciente,onipotente [...]pois ainda que a idéia de substância esteja em mim pelo próprio fato de eu ser uma substância, eu não
teria, contudo, a idéia de uma subst^ncia ifinita, eu que sou um ser finito,se ela não tivesse sido posta em mim por alguma substância que fosse
verdadeiramente infinita" (parágrafo 22 de Rene Descarte- Meditações).Se sou um ser infinito, e há em mim a idéia de um ser infinito, esta idéia só pode ter sido posta em meu pensamento por este ser infinito que é Deus.
Na segunda prova da existência de Deus, Descartes utiliza uma logica semelhante à primeira, mas agora ele se refere à idéia da perfeição e seu contraponto, a imperfeião. Ora, s eu sou um ser imperfeito e há em mim a ideia de um ser perfeito,logo, esta idéia de perfeição só está em meu pensamento porque um ser perfeito a colocou em mim. Este ser perfeito que não sou eu, é Deus.
Se não houvesse em mim a idéia de perfeião, apenas reconheceria a imperfeição, já que sou um ser imperfeito. Diz Descartes: "a idéia que tenho de um ser mais perfeito que o meu deve necessariamente ter sido posto em mim por um ser que de fato seja mais perfeito" (parágrafo 29 do Livro Meditações de Descartes).E mais ainda remetendo-se à idéia de perfeição, Descartes refere-se à questão da existência do ser pensante: "E por isso que quero aqui seguir em frente e considerar se eu mesmo, que tenho essa idéia de Deus, poderia existir, caso não houvesse Deus. E pergunto, de quem eu teria minha existência? Talvez de mim mesma, ou de meus pais, ou então de algumas outras causas menos perfeitas
do que Deus; pois nao se pode imaginar nada mais perfeito, nem mesmo igual a Ele"(parágrafo30). FONTES:Revista Ciências e Vida -Filosofia - Ano IV * -nº41. Edtora Escala.

http://www.youtube.com/watch?v=0_TLzIR2ptM

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A FUSÃO DO MITO DA RAÇA COM A POLÍTICA




A idéia moderna de Raça se baseia na ancestralidade do final do século XVIII,ao multiculturalismo nos últimos 30 anos. Nesse período começa a se formar correntes, que fazem dos interesses raciais, a plataforma política.
Temos como exemplo na India que casta é considerada sinônimo de raça. Na Malásia,há a tônica da supremacia racial dos malaios sobre os chineses
étnicos.Segundo o sociólogo Demétrio Magnoli, doutor em Geografia humana
pela Universidade de São Paulo(USP),no processo histórico,é interessante
mencionar alguns expoentes, como Carolus Linaeus (1707-1778), o inventor da taxinomia biológica, que no século XVIII definia que havia raças africana,
asiática, européia e americana. Jà Arthur de Gabineau (1816-1882),no século
seguinte, foi o primeiro a relacionar a raça humana à história. Ele teve uma
passagem importante no Brasil, ao se aproximar de D.Pedro II. Exerceu certa influência para que houvesse a migração de europeus ao país. Por volta de
850, havia a mentalidade de que a raça branca era superior.
o MITO da raça se consolida, como conhecemos hoje, com o Darwinismo, de acordo com Magnoli, se tornando istrumento de política, e qe também á está provado que as Ciências Naturais estavam erradas.A escravidão moderna do século XVI ao século XIX, não precisava de justificativa ou moral. Era estabelecida pelas guerras e por dívidas. ninguém achava que os seres humanos eram iguais por natureza, até o século XVIII, com o Iluminismo.

A época do Imperialismo, na busca de colonização da África da Ásia, começa o fomento ao mito da raça,com o argumento de que deveriam ser civilizados. Enquanto os africanos se organizavam em clãs, os europeus os classificavam em tribos, e os estabeleciam como etnias."Quando quem nomeia é o Estado, é um ato de poder e isso tem significados políticos",diz Magnoli.Asim começam as políticas étnicas na África, inroduzidas principalmente por ingleses e belgas.
O mito da raça serviu também para a consolidação de nacionalismo racial, na Alemanha Nazista em Ruanda e nos EUA."Hoje se vive outra etapa retrógrada, que virou a ideologia dos ditadores africanos, que não querem na verdade acabar co as fronteiras da Àfrica. Como se tudo de ruim só fosse oriundo do passado colonial e não do govrno atual", analisa o sociólogo. E nos últimos 30 anos, segundo ele, houve a reinvenção desse mito, com a linguagem do multiculturalismo.
FONTES:1)Café Filosófico -USP (25.11.2009)-2)Revista Ciências e Vida-FILOSOFIA-nº42 - 3) Demétrio Magnoli.
IMAGEM RETIRADA DE: www.overmundo.com.br/banco/o-mito-da-raca-brasileira

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O JOVEM SOB A TUTELA CIBERNÉTICA





O antropólogo Frances Pascal Dibie, professor da Universidade de Paris VIII,
analisa que na era dos tecnociência, os jovens, principalmente franceses
(objetos de de sua análise), se submetem a uma nova forma de autoridade
sob o computador."Por meio da cibernética, encontraram novos tutores, fora da família,
da escola e de outras instituições". Em sua leitura a dependência da internet
trata-se de um trabalho para a indústria da comunicação.Ele pondera:"Parece
gratuito, mas pagamos o tempo todo.Estamos em um sistema mercantil". Ao mesmo
tempo, desmaterializa os saberes e as culturas, com um volume de informações nunca
antes acumulada na história. Parece haver uma contrautopia pos-humanista, tingida
de eugenismo.O Chat, os blogs eo YouTube passam a ser lugares de gozo virtual,
possibilitam a lógica da simulação, além de extremo esforço cognitivo. "As palavras dos
jovens semanifestam em um grupo interativo preciso.Lembram símbolos lquímicos do
hermetismo, que eram utilizados pela população analfabeta.Agora, o que importa é o
esquemático, e não a forma gramatical que se expressa".
Assim o individualismo latente, nesse contexto, faz o ser humano desaprender o pensar
no social, a viver junto. A possiblidade de autonomia nesse meio de comunicação