terça-feira, 25 de janeiro de 2011

SABER FILOSÓFICO vs CIBERESPAÇO

SABER FILÓSOFICO vs CIBERESPAÇO




Em nosso cotidiano, nas conversas diárias, ouvimos e emitimos opiniões informais que refletem conhecimentos vagos a respeito de diversos assuntos. Esse tipo de conhecimento mediano constitui o conhecido “senso comum”, que é compartilhado pela maioria das pessoas. Por ser mais simples , aparenta ser mais acessível que a Filosofia. E as pessoas possuem opiniões sobre diversos assuntos.
Ao senso comum pertence um conjunto de concepções, muitas vezes repletas de noções falsas, parciais ou mesmo preconceituosas sobre temas diversos. O senso comum tem como características principais a imprecisão, a incoerência e a fragmentação, isso porque os conceitos não definem de forma clara o seu conteúdo, não possuem uma lógica ou mesmo um estudo sistemático do objeto estudado.
A maior parte das pessoas considera a Filosofia como algo muito complexo, confuso e nada prático quando comparada com o senso. Sobre a Filosofia, o filósofo Bertrand Russel dizia que “é preciso que se tenha cautela quanto ao que se julga saber; deve-se ainda possuir penetração lógica e o hábito do pensamento exato”.

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA.

A Filosofia surgiu nos séculos 7-6 a. C. nas cidades gregas situadas na Ásia Menor. Ela envolve a investigação, a argumentação, a análise, a formação e reflexão de ideias sobre o mundo, o homem e a realidade. Durante séculos, ela foi ensinada e discutida de diversas formas.

Pode-se dizer que a Filosofia tenha surgido no momento em que o homem procurou explicar por seus próprios meios seu mundo e sua existência. As perguntas fundamentais deixaram e ser respondidas pelos oráculos e sacerdotes que interpretavam a linguagem divina e os desejos dos deuses. A partir dessa época, as perguntas importantes passaram a ser respondidaspela razão humana.
Etimologicamente é formada por dois termos gregos: filos que traduz a ideia de amor e sofia que significa sabedoria. Dessa forma, o seu sentido etimológico é “amor à sabedoria”. Com o passar do tempo a palavra perdeu seu sentido etimológico. Na própria Grécia, o termo passou a designar não apenas o amor ou a procura da sabedoria, mas um tipo especial de sabedoria que nasce do uso metódico da razão, da investigação racional em busca do verdadeiro conhecimento.
Até então as explicações sobre a vida e o mundo tinham como base os mitos com narrativas fantásticas que incluíam deuses, forças da natureza e seres humanos. A mitologia formada por lendas e crenças era repleta de simbolismos que forneciam explicações sobre a realidade do universo, a conduta dos deuses e homens e as leis da natureza.

Ao contrário do mito, o saber filosófico sempre procurou explicar o mundo por meio de princípios racionais lógicos, tentando desvendar as relações de causas e efeitos entre as coisas. Na Grécia Antiga, ele passou a designar a totalidade do conhecimento racional desenvolvido pelo ser humano, abrangendo diversos tipos de conhecimentos como a Matemática, Astronomia, Física, ética, etc.
Pode-se dizer que todo o conjunto dos conhecimentos racionais na Antiga Grécia fazia parte do universo do saber filosófico. Esse caráter amplo e universalista se manteve durante a Idade Média e só foi alterado na Idade Moderna com o nascimento de estudos especializados e ciências particulares que se desprenderam do abrangente saber filosófico, tais como a Matemática, a Química, a Biologia, a Sociologia, etc.

ÀGORA

A Filosofia era, a princípio, um diálogo aberto ao público, praticado na ágora, principal praça das cidades gregas. Os cidadãos passavam a debater temas de interesse social e individual.
Ensinava-se a filosofia não para que o cidadão pudesse repetir de maneira mecânica o pensamento de outros, mas para que ele pudesse cultivar seu próprio pensamento livre e autônomo. Não se tratava, portanto, de se reproduzir de forma mecânica pensamentos alheios.

TECNOLOGIA

A ágora da pós-modernidade não é mais um local físico, é o ciberespaço. Hoje, não se pode negar ou impedir a expansão do mundo tecnológico e virtual para praticamente todas as áreas de nossas vidas. Na ágora, embora muitas vezes o diálogo pudesse ser desigual, todos desejavam saber algo e relevante sobre si mesmo e sobre o mundo.
Ensinar passou a ser o mesmo que aprender e aprender o mesmo que ensinar. Esse diálogo filosófico se desenvolveu por meio da linguagem oral (dinâmica e pública), pela escrita (imóvel e expansiva) até chegar ao atual diálogo hipertextual.
Nesse contexto é importante recordar, por exemplo, que o grande filósofo grego Sócrates não deixou nada escrito, e transmitia seus ensinamentos de forma oral. O seu discípulo Platão passou a “escrever” seus discursos. Com a expansão do uso da escrita ocorreu a “morte” do diálogo, a arte da dialética.
Com o hipertexto digital surgiram novos instrumentos para a Filosofia. O diálogo humano ganhou uma nova dinâmica com a dialética eletrônica onde cresce o debate da filosofia contemporânea, da mesma forma que nas antigas praças públicas e academias da Grécia Antiga. A WEB além de ser atualmente o principal meio da comunicação planetária em que as pessoas interagem “todos com todos” de acordo com o filósofo Pierre Lévy, se tornou o palco da dialética hipertextual.

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